Arquivo para Fred Figueiroa

Viva Pedro, filho do nosso fotógrafo!

Posted in sport, sport club do recife with tags , , , , , , , on junho 19, 2009 by Lule

Rubro-negros,

Leo Caldas é o autor das várias fotos da TORCE que aparecem neste blog. Podem conferir uma delas aí embaixo. É um craque nas imagens e, dizem os companheiros de pelada, um craque no campo.
É casado com Roberta, outra grande rubro-negra, e pai de Pedro e Mariana. Já vi a família em ação na Ilha do Retiro. Os pequenos sabem bem que “a vida a gente vive pra vencer, SPORT, SPORT, uma razão para viver”.
Pois aproveito a manhã da sexta para publicar um texto que um outro torcedor do Leão, Fred Figueiroa, escreveu. É sobre Pedro, o filho de Leo e Roberta.
Assim como Pedro, confesso que fiquei ligada no jogo do Palmeiras, na última terça-feira. Falando com minha irmã pelo telefone (ela mora em Sampa), pedi pra ela ligar a TV e monitorar o resultado. Ficamos na linha por 12 minutos. O Palmeiras quase fez um gol. Achei que tinha feito e fiquei puta. Nina me acalmou: “Foi quase, pô”.
Quando já estava no carro com Cat, ela mandou uma mensagem para avisar que o time daquele treinador arrogante havia sido desclassificado. Abri a janela e gritei, olhando para o céu, o mesmo que eu havia visto naquela noite em que a injustiça nos tomou a Libertadores: “VAI TOMAR NO C…, PALMEIRAS!”. E desejei o mesmo para todos os tricolores e alvirrubros que secaram o Glorioso da Praça da Bandeira.
Fui à forra.
Com aqueles gritos no carro, e com a certeza de que a justiça tarda, mas não falha, me senti em paz.
Por isso, reproduzo aqui o texto que descreve como Pedro festejou a eliminação do Palmeiras.
Bom fim de semana a todos e vamos QUEBRAR o Santo André.
Lule

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Pedro x o outro time (texto de Fred Figueiroa)

Pedro tem 6 anos de idade.

Bem naquela fase da vida em que, de repente, se descobre que um jogo de futebol – até mesmo aquele em que termina 0 x 0 – é muito mais emocionante do que os desenhos animados.

Naquela fase em que começamos a achar que são os jogadores e não os super-heróis que têm superpoderes. E descobrimos que dar um drible no zagueiro e marcar um gol decisivo é muito mais difícil do que voar, disparar raio lazer dos olhos e salvar o mundo.

E se existe uma forma mágica de se fazer essa transformação, de deixarmos de ser criança para nos tornarmos torcedores, é indo para a Ilha do Retiro.

Foi assim que Pedro descobriu o futebol de verdade. Não o dos videogames, da televisão, da pelada com os coleguinhas no colégio.

E sim, o futebol que prende os olhos, a cabeça e o coração. O futebol que não se joga. O futebol que se sente. O da alegria inexplicável. Da euforia incontida. O que não termina em 90 minutos. O que nunca termina, na verdade.

E esse mesmo futebol também é capaz de nos fazer chorar. Mesmo que todas as coisas importantes da nossa vida estejam em seu devido lugar…o futebol pode vir e atropelar tudo com sua impiedosa imprevisibilidade.

Dia desses, Pedro ganhou camisa, calção e meião do Sport. Vestiu-se até a alma. Acordou ansioso. Queria saber se faltava muito tempo para chegar a hora do jogo. E como faltava! Seria um daqueles dias intermináveis. Na escola, contou com orgulho que naquela noite iria para a Ilha do Retiro. E foi. E se emocionou. E viu o time arrasador pressionar o adversário do início ao fim. Viu aquelas bolas que iriam entrar, de repente, sair. Bater na perna, nas mãos do goleiro. E viu, enfim, o seu time fazer o gol na hora mais importante. E viu, como sempre, o seu time ganhar. Mas daquela vez, era preciso ganhar duas vezes na mesma noite.

E só ganhamos uma.

Faz mais de um mês que a Libertadores acabou para o Sport, certo? Errado.

Na verdade, a Libertadores só acabou mesmo para nós na noite de ontem. Longe da Ilha. Longe até dos nossos olhos. No estádio Centenário de Montevidéu, o Palmeiras foi traído pelo seu principal jogador: a sorte. Sorte que decidiu a classificação aos 40 e tantos minutos no estádio David Arellano, em Santiago do Chile, silenciando 45 mil torcedores do Colo Colo. Sorte que decidiu a segunda classificação na disputa por pênaltis na Ilha do Retiro, silenciando mais de 35 mil rubro-negros.

Entre eles, Pedro. Entre eles, eu. Entre eles, você.

E depois de semanas e semanas vendo as televisões repetirem a cena do goleiro Marcos defendendo o pênalti de Dutra e saindo correndo para comemorar, foi lindo vê-lo desesperado, correndo para a área adversária tentar o cabeceio, ou se ajoelhando na grama e colocando as mãos na cabeça a cada gol perdido…E, no final, a imagem que ficou para a história: O goleiro palmeirense estirado no gramado do Centenário. Imóvel. Triste. Inconsolável. Eliminado. Sentindo o que sentimos.

Foi como se tivéssemos voltado no tempo. Empatado aquela decisão nos pênaltis.

Não ganhamos, nem perdemos. Apenas sentimos que se corrigiu uma distorção do destino. Que se fez justiça.

Por isso, ontem à noite, quando o pai do menino Pedro chegou em casa do trabalho. Assim que abriu a porta, viu o filho correr e dizer: “Pai, o Palmeiras caiu da Libertadores!”.

É quase como nos desenhos animados que Pedro inda assiste. Pode não ter havido final feliz dessa vez, mas pelo menos, o “mal” também não venceu.

Mais ou menos neste mesmo momento, o goleiro Marcos dava uma entrevista no vestiário do Centenário dizendo que seria mais justo ter sido eliminado pelo Sport.

Seria mesmo, Marcos.

Nós sempre soubemos disso.

Então, agora acho que é hora de dizer que acabou. Que, enfim, “passou”. Podemos até dizer que a dor virou lição. E, se quisermos, usar a matemática para provar “por A + B” que o Sport foi melhor que o Palmeiras na Libertadores. Eles jogaram 10 partidas, fizeram 15 pontos. Nós jogamos apenas oito jogos e fizemos 16.

A grande diferença é que nós sabíamos que o Sport poderia ter ido mais longe nesta Libertadores.

E os torcedores do Palmeiras sabem que foram até o limite. Ou, na verdade, um pouco além.

Sobre o menino Pedro, personagem deste texto, ele fará aniversário nos próximos dias. O local escolhido era o game station. Mas ontem ele pediu a mãe para trocar. Quer fazer num campo de futebol society.

A mãe, então, perguntou: “Vai ser o time de Pedro contra que time?”

E ele, de imediato: “Não mãe. Eu quero que seja Sport e Palmeiras”.

É, pelo visto, esta rivalidade ainda está começando…
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Do blog do rubro-negro Pedro Lazera:
http://colunas.globoesporte.com/pedrolazera